quinta-feira, 25 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (96)

Fernando Salgueiro Maia.
Foste um herói
ao comandar a patrulha da alvorada.
Voltaste a ser um herói
quando decidiste retirar-te ao pôr-do-sol
deixando outros pavonear-se sob o clarão dos holofotes.
Recusaste ficar exposto na vitrina.
Recusaste servir de bandeira.
Recusaste ser "vanguarda revolucionária".
Recusaste ser antigo combatente.
Recusaste dar pretextos para dividir.
Tu que foste um poderoso traço de união entre os portugueses
naquelas horas irrepetíveis em que tudo podia acontecer.

(Frase retirada do poema 'MEU CAPITÃO' , da autoria de Pedro Correia no DELITO DE OPINIÃO)

O 25 de Abril Que Falta

(Futuro)
Somos um país de braços abertos. Somos muito abertos, muito internacionalistas, muito amistosos. Somos portugueses, porra!

O 25 de Abril que falta - E se os descobrimentos ainda estivessem por cumprir e se nos faltasse descobrir as pessoas que cá estão? E se, em vez de terras longínquas, nos faltasse agora descobrir pessoas?

Se Portugal se perdeu, a culpa é nossa, mais do que quem manda em nós. Nos casos mais flagrantes de destruição, o poder político não tomou a iniciativa – fechou os olhos e, por subserviência ou suborno, tornou-se impotente, foi conivente -, deixou.

(Miguel Esteves Cardoso, Público)

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde


O Efeito-Bugalho É Ainda Uma Incógnita

A  escolha do jornalista e comentadore Sebastião Bugalho como cabeça de lista da AD para as europeias agitou a vida político-mediática portuguesa como não se via há muitos anos. Nas últimas 48 horas, ouviu-se de tudo para diminuir uma candidatura que rompe com um certo estado de sítio, uma estagnação em águas que estão sempre reservadas aos mesmos.

(...) O efeito-Bugalho é ainda uma incógnita. A sua capacidade intelectual e consistência de pensamento só podem ser desvalorizados por má fé (ou ignorância), mas essas condições estão longe de garantir uma vitória eleitoral. Desde logo, vai ter um caminho difícil porque os jornalistas não lhe vão facilitar a vida. Mas Bugalho tem a obrigação de contar com isso, e não deve pedir outra coisa senão a verdade. (...)

Sebastião Bugalho (...) desconhece-se ainda o que é a sua visão para Portugal na Europa, para o futuro da União Europeia. Mas tem virtudes para um candidato da AD: Fala aos jovens, fala à direita alargada, aquela que inclui o PSD de Montenegro, de Passos, aos centristas e até novos eleitores do Chega. Conservador e católico, alarga o mercado eleitoral da AD. E nestas eleições europeias, a televisão vai ter mais importância do que noutras.  (...)

Mas, tudo isto dito, o que se pode dizer de Marta Temido, a cabeça de lista do PS? Alguém sabe dizer hoje se Temido, a principal responsável pelo estado a que chegou o SNS, tem um pensamento que seja sobre a Europa  

(António Costa, ECO)

A Frase (95)

Cumprir Abril tem de deixar de ser uma primária muleta de discurso, para aqueles cuja retórica política se esgotou há muito. Para se cumprir Abril, não só mas acima de tudo, deve-se cumprir Novembro.   (Pedro Gomes Marçalo, OBSR)
 

(...) A liberdade, ontem como hoje, teve, tem, e terá sempre um preço.
E o preço da liberdade, é a democracia. 

E o preço da democracia é o pluralismo. É o diálogo, são e vivo. (...)

O preço da democracia é a capacidade de (con)viver, com o Outro, ao invés de nos reduzirmos a um qualquer instinto animalesco de destruição colectiva.7

É, por isso e no mínimo, estranho que há 50 anos tenhamos sabido pegar em armas sem, no entanto, cair numa sangrenta e inconsequente revolução, e não queiramos hoje pegar numa conquista desse tempo– a voz livre – e exigir que o 25 de novembro tenha o mesmo destaque, e solenidade, porque o merece. (...)

Cumprir Abril tem de deixar de ser uma primária muleta de discurso, para aqueles cuja retórica política se esgotou há muito, e, na inércia daqueles que vivem do espírito democrático, vão-se alimentado dessa mesma retórica.

Para se cumprir Abril, tem de se, não só mas acima de tudo, cumprir Novembro. 

Sintonia Para Pressa E Presságio


Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.

Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.

(Paulo Leminski)

terça-feira, 23 de abril de 2024

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (94)

E tudo abril trouxe: do sonho ao pesadelo, da genialidade do ideário a uma escola pública em modo de sobrevivência.  (Carlos Almeida, OBSR)

Meio século e adensam-se os tons cinza das políticas educativas, do sistema educativo português, do falhanço da escola pública, do não ensino e da não aprendizagem. A primavera bucólica de abril contrastante com o outono do ecossistema escolar. E era para ser, deixando de ser, mas esperando acontecer voltar e ser. (...)

Mudanças na educação, ensino, experimentalismo de projecto e engenharia laboratorial pedagógica, de nula assertividade nos últimos 8 anos. Octo tempo perdido do/no ecossistema educativo de ideário digital, laxismo facilitador, facilitista e negacionista da essência escolar, muito por culpa da anética ética republicana e socialista, de larga temporalidade maioritária na (des)governança do «eduquês» no último meio século aqui no rectângulo à beira-mar plantado, e em deterioração tutelar acelerada por ideologia ostracizante e desvalorizante dos professores e educadores, e da escola pública portuguesa. (...)

E tudo abril trouxe: do sonho ao pesadelo, do planeamento ao destrambelhamento, da genialidade do ideário e doctrina à presente mediocridade política reinante, do «influencer» e falho prioritário wokismo e ideologia de identidade de género a uma escola pública em modo de sobrevivência, professores em fuga e cenário capitalista neo-liberal no campus educare. Inversão e «outsourcing», consultadoria e (des)legitimação partidária desplanificada, sem estudo e delineação e muita, muita promiscuidade entre o poder político e o poder económico, em rasante aproximação a uma visão da educação-negócio e escola pública miniaturizada, política e intelectualmente atrofiada, minimizada, desautorizada por amadora insanidade ministerial. (...)

Se Não Falas

 

"Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e aguentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.
A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.
Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta."

(Rabindranath Tagore)